"Ninguém se entediava perto de Sonia Lins, capaz de injetar humor nas situações mais deprimentes e enfadonhas. Suas histórias e frases irônicas ou poéticas são até hoje lembradas pelos amigos."
Depois de comprar um quadro de artista brasileiro muito conhecido, Sonia não ficou feliz com a aparência da obra no seu apartamento, em Paris. À noite, seu amigo Odilon Vieira Ladeira chegou cedo para um jantar ao qual compareceria o pintor da obra. Odilon notou sedimentos no chão. "Ela tinha passado bombril no quadro!", lembra Odilon. Odilon tomou o cuidado de colocar o artista sentado de costas para a pintura.
"Quebrei a palavra, deixei a letrinteira."
Doente, internada no hospital, Sonia recebia muitas atenções dos médicos que haviam sido amigos do também médico Paulo Albuquerque, seu companheiro. Cansada, mandou colocar um aviso na porta: "Proibidas as visitas. Inclusive para médicos."
Não me levem a sério pois só me levo a riso."
Ao planejar uma festa, Sonia Lins costumava fazer duas listas. Uma lista dos "amigos" e outra dos "inimigos". Convidava os dois grupos. E dizia que sua vingança das inimigas era vê-las engordar com os doces servidos.
Deus escreve torto por linhas certas."
Quando Sonia soube que um casal de amigos que frequentava diariamente a sua casa de Sonia não a havia convidado para um jantar em sua casa, deu o troco. Quando os dois apareceram para o drinque diário de fim de tarde, encontraram a casa enfeitada de flores e a mesa posta, com velas, taças e os melhores talheres, para oito pessoas. Sonia não fez menção de convida-los. Depois que foram embora, a mesa foi desfeita. Já tinha cumprido a função.
Fugir de uma aventura é como tomar o antídoto antes do veneno."
Conhecida pela generosidade, Sonia costumava presentear amigos e empregados com trabalhos seus. Mas o desprendimento ia além dos seus desenhos. Quando uma empregada ficou encantada com o relógio Cartier que Sonia tinha acabado de ganhar, ela lhe deu de presente. “A moça tem tantos problemas e gostou tanto”, justificou.
Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de prisão de ventre."
Às vésperas de viajar, Sonia esqueceu a bolsa no cinema. De noite, um jovem a procurou para devolver. Sonia recebeu o rapaz, aliás prestes a casar com uma brasileira. Abriu um vinho e conversaram até tarde. Quando o rapaz se levantou para ir embora, Sonia deu a ele um dos envelopes com dinheiro que separara para fazer pagamentos e para a viagem. “Faço questão de dar o fogão para a sua cozinha”. O rapaz abriu, olhou o conteúdo e disse: “A senhora não me deu o fogão, deu a cozinha inteira.” Sonia tinha se enganado de envelope. Mas não voltou atrás.
"Cão que ladra até que morde."
"Quem odeia o bonito, feio lhe parece."
"Desejamos ao velho que morra jovem o mais tarde possível."
"Cada um por cima e Deus por toldo."
"Por que não tem torneira em pia de água-benta?"
"A vítima é tão algoz quanto o próprio algoz."
"O ar puro é aquele que nunca foi respirado."
"Não interrompa teu pai quando ele estiver me escutando."
"Traga os olhos bem abertos antes de se casar e semifechados depois."
"Quando a economia diminui a consciência alarga."
"A única vantagem da calvície é que ninguém desrespeitará nossos cabelos brancos."
"A mais doce esperança é perder a esperança."
"Deitar cedo e levantar cedo torna o homem sadio, rico e chato."
"Em boca fechada não entra rosca."
"Ha espelhos que gostam de nós. E outros que nos confundem com a mãe da gente."
"Pássaros são folhas em férias."