"A meta da metáfora é estar fora da meta."
Sonia Lins jantava em um restaurante numa noite de chuva quando viu um senhor abrir o seu guarda-chuva preto. O gesto trivial acendeu o olhar surrealista da artista. Um guarda-chuva preto, em forma de morcego de asas abertas, começou a voar na sua cabeça. Consultou dicionários, livros de animais, e fez um projeto de guarda-chuva morcego, capaz de cobrir duas pessoas, que apresentou ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) em 1990. O fato foi mote de uma reportagem do Jornal do Brasil, que classificava o projeto de "modelo carente".
Só dez anos depois o guarda-chuva sairia do papel. Convidada a expor seus trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes, Sonia tirou o projeto da gaveta. Em Paris, com a ajuda do amigo Odilon Vieira Ladeira, encontrou um especialista em efeitos especiais cinematográficos, que confeccionou o objeto. O guarda-chuva automático, que ao se abrir dava a ilusão de um grande morcego abrindo as asas, foi um dos destaques da mostra Se é para brincar eu também gosto.