"Nó de todos nós = umbigo"
Sonia Lins esmerou-se na produção do vídeo Zumbigos, apresentado na mostra de mesmo nome. Com ideia, roteiro e direção suas, a obra de 8 minutos contou com um elenco de cerca de 20 pessoas e uma equipe de 11 profissionais – uma superprodução para os padrões de vídeos de arte.
O amigo Antonio d’Avila, dono de uma produtora em Paris, ficou responsável por coordenar a realização. Toni Venturi, diretor experiente, colaborou na direção das cenas, feitas no Rio de Janeiro.
Zumbigos mostra um dia qualquer de um jovem anônimo – o ator Fernando Alves Pinto – que, depois de despertar e vagar pelas ruas, percebe o simbolismo do umbigo como marca da humanidade, traço que une homens e mulheres numa coletividade.
A jornada do rapaz é entremeada por imagens da praia, cenas da fotógrafa Bel Pedrosa em ação, registrando umbigos de banhistas a pedido de Sonia, e uma investigação das barrigas no Centro da cidade. "Tivemos cenas engraçadas na rua. Partiu de Sonia o interesse de abordar as pessoas aleatoriamente. Ela perguntava sobre o que elas achavam dos seus umbigos e pedia que mostrassem seus umbigos. A coisa era bem improvisada, meio parangolé", lembra Antonio d’Avila.
A montagem foi feita em Paris, na casa de Sonia, por ela, com o auxilio de dois editores. O resultado é onírico e às vezes surrealista, como as cenas de gargalhadas de um Buda na praia. Várias vezes, a câmera mostra a equipe do filme, sublinhando o processo de produção do poema visual. "Tivemos uma liberdade enorme. Era como se jogássemos um jogo. Combinávamos um elemento com outro elemento. Saiu um filme interessante", avaliou Sonia. Na trilha sonora, o rock Universo Umbigo, do grupo Karnak, define: "Não somos nada / Nós somos tudo / Nós somos o umbigo do mundo".