Claudia Zarvos*
Simultaneamente ao lançamento da biografia de Sonia Lins, de autoria de Marcel Souto Maior, a artista brasileira ganha uma exposição no Centro Cultural Telemar, no Rio de Janeiro.
Nascida em Belo Horizonte, em 1919, poucos anos antes do surgimento do movimento modernista de São Paulo, Sonia dividiu seus últimos anos de vida entre Paris e Rio. Intuitiva e insólita, esteve sempre atenta às inovações de seu tempo.
Para Sonia Lins, as palavras traziam em si uma magia, que ela utilizava para viajar através do tempo e do espaço, misturando sílabas, fonemas e letras, que geravam outras palavras, formas e conteúdos. A palavra foi a paixão e a matéria-prima de sua criação artística. Com ela, Sonia comunicou e imprimiu sua marca em livros ou em grandes espaços e instalações, produzindo imagens que falavam através de efeitos de ilusionismo.
Apesar de a linguagem gráfica ser predominante no seu trabalho, ficou claro desde a primeira exposição, Se é para brincar eu também gosto, realizada no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que Sonia pretendia explorar novas mídias de expressão. A partir das exposições Zumbigos, no mesmo museu, e Brasil passado a sujo, no Espaço da Praça do Centro Cultural Correios, também no Rio de Janeiro, a artista passou a projetar grandes espaços e a usar, preferencialmente, a linguagem audiovisual para dar forma à sua criatividade. Nesses projetos Sonia contou com a parceria de excelentes profissionais da área, como Alice Andrade, Antonio d’Avila, Bel Pedrosa, Marcello Dantas e Walter Carvalho.
A exposição no Centro Cultural Telemar não pretende ser uma retrospectiva do trabalho de Sonia e sim uma viagem pelo seu imaginário artístico através de novas vias tecnológicas de comunicação.
Claudia Zarvos é designer, curadora e produtora de exposições. Colaborou com Sonia Lins nas mostras Zumbigos e Brasil passado a sujo.