Artes

"Lygia teve o bom senso de passar pela porta do mau senso."

Foram quase oito anos de maturação entre a morte de Lygia Clark, em abril de 1988, e a publicação de Artes, em agosto de 1996. "Minha ideia é fazer os visitantes penetrarem no mundo da Lygia", explicou Sonia Lins ao Jornal do Brasil na época do lançamento, na galeria Joel Edelstein, em Ipanema. Mas o livro tanto é roteiro para compreender o universo de Lygia quanto para saber mais sobre a irmã, que já indica sua participação na narrativa na primeira frase: "Se é para brincar eu também gosto".

A família e a Belo Horizonte antiga de Baticum (1978) estão de volta nessa homenagem amorosa, que também incorpora trechos de cartas de Lygia para Sonia e recordações de episódios passados no Rio de Janeiro e em Paris. As experiências formadoras de Lygia são comparadas aos experimentos plásticos e sensoriais da artista. Quarto livro de Sonia, a biografia poética discute a Arte que deu fama internacional à irmã a partir de lembranças das artes – traquinagens, brincadeiras – praticadas na infância.

Nestas invenções – jogos com espelhos, luvas que revelam sutilezas do tato, roupas para vestir a duas, descobertas estéticas da natureza – Sonia é cúmplice e parceira.

A brincadeira também domina o belíssimo projeto gráfico, concebido em parceria com o artista e amigo Julio Villani. "Ela me convidou para brincar com ela – para que juntos déssemos forma às histórias que tinha para contar", lembra Villani. Em Paris, os dois trabalharam capítulo a capitulo, inventando páginas espelhadas, textos em formatos geométricos. "Ela funcionava muito com um brainstorming muito divertido; algumas ideias eram tão loucas que ela era a primeira a dar risada. Mas algumas vingavam (...). Eu diria que o processo criativo dela não era de 1% de inspiração e 99% de transpiração, mas 100% gargalhada. Nunca se levou a sério, não tentava provar nada, buscava só o prazer de fazer”.

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