Em 1959, às vésperas de completar 40 anos, Sonia abriu espaço em sua vida para um novo romance. Um caso proibido com um homem casado. Tabu quase tão feroz quanto o desquite.

Fazer o quê? Viver.

Este era o verbo a ser conjugado, por mais custoso que fosse. Na última década, Sonia tinha se dedicado a criar os filhos, com dificuldades, a ler e reler os autores preferidos – Voltaire, Henry Miller, Maupassant – e a escrever textos para a gaveta, ou melhor, para si mesma.

Alguma ambição literária? Não.

Projetos artísticos? Também não.

Viver. Este era o verbo. E poucos, no Rio de Janeiro, no mundo, talvez, soubessem conjugá-lo tão bem, com tanta coragem, quanto um médico chamado Paulo Albuquerque.

Era ele. Uma mistura do Jair Lins, que batia papo em francês com orquídeas, com o Roberto Andrade, que transformava leite líquido em sólido, e com o Edmundo Lins, lírico e irreverente das aventuras de infância.

Paulo era o desconhecido, o inusitado, o surpreendente, a aventura. Tudo o que Sonia queria ao cruzar a faixa dos 40 e iniciar sua jornada na segunda etapa da vida.