Embaixatriz

Sonia Lins

Deitou na areia a embaixatriz

Na esperança que ele deitasse por cima.

No entanto, postou-se ao lado dela como sombra.

Tirou-lhe os sapatos, e em vez de

champanhe

Encheu-os de areia. Pensou algemá-la com a gravata si preciso fosse, mas suas mãos quedaram-se no quente da areia.

Iniciaram o diálogo começado há 2 meses e rezaram sobre razões

de Estado que os impediam de expulsos serem do paraíso.

De quando em vez, a mão dele erguia-se da areia onde a brincar estivera,

experimentando as vestes tocar-lhe. Era quando as dela, como pássaros, cruzavam-se, os joelhos indo proteger com pressa.

O mar

Em ereções contínuas

Esticava-se até eles

Para encolher-se

Num outro arremesso de potência

A areia penetrava dentro das unhas embaixatrizes, enquanto uma comichão fazia-a acionar

A língua que sílabas fabricava, unindo-as em palavras e estas em frases.

Levantavam as orelhas

Dele de argúcia, os lábios quando não aguentavam, ordenhavam cigarros.

E a areia

Qual tumor

C R E S C I A Debaixo dele, instigando-o.

Estrelas que passavam, pararam e cur

va

ram-se

Espiando-os.

O Mar

Esporrava conchas

Estalando como chicote

Aos pés da embaixatriz que com eles persignava a areia. Suas coxas permaneciam unidas como si xifópagas fossem. Ao lado, ele

Que embaixador não era, mas que palavras refinava,

Tentava convencê-la sem gestos

Pois ela suas mãos de si afastava

Como moscas.

Tinha medo que sobre elas pousassem, tornando-a apenas mulher.

O

mar

Já havia inundado os olhos dele

Deslizavam sobre o corpo

Que a areia queria tragar.

Sua figura era tensa e os vincos das calças repetiam-se lhe na testa, enquanto laudos

Eram desenrolados na fumaça de cigarros consumidos.

Por traz de tudo crescera a montanha erguendo asas e como águia

Vigiava-os

Caminhavam os ponteiros da direita para a esquerda

E os movimentos do mar

Repetiam-se no corpo vestido de calças, solidificando desejos, mas cada vez

Mais se embaixatrizava a embaixatriz.

Suas orelhas acabanavam de atenção

Na esperança que pudesse ainda se deixar convencer

Pelas palavras lançadas da boca do homem e que no espaço partiam, alcançando-a como setas que ao em vez de feri-la anestesiavam-na.

Levantaram-se ambos, sacudindo-se, como aves que houvessem copulado.

Estrelas dinamizaram-se em constelações econômicas

No sapato da embaixatriz viajaria areia rumo a outras praias

Iluminado pelas luzes da urbe, embaixava o embaixador embaixando 1 meio de desembaixatrizar

a embaixatriz

Em cima, acalmava Deusdo mar

Arrependido do verbo haver criado

E o par pelas estradas, suava palavras enquanto animais

Compreendiam-se debaixo de moitas.